Afinal para que serve o SINTOMA?
O Homem dos tempos modernos outorga supremacia plena ao seu intelecto.
Pensa, raciocina, calcula, mentaliza, programa, projeta, enfim, um sem número de habilidades que o nosso Neocórtex veio permitir desde que se formou.
Recordo que esta área cerebral foi a última a ser desenvolvida no Ser Humano. É o cérebro mais recente, com menos “tempo de experiência” comparativamente com o Sistema Reptiliano (cérebro primitivo) e o Sistema límbico (cérebro emocional).
Assiste-se à intelectualização dos sintomas, como forma de criar uma dissociação com o corpo, o que origina um hiato sensorial.
A segurança, sendo uma das leis básicas de sobrevivência para qualquer Ser Vivo, cria a necessidade de racionalizar o que nos ocorre, para acalmar a mente.
O vazio de entendimento racional é um fenómeno que gera insegurança, incerteza e mal-estar.
Onde pretendo chegar?
Assistimos a uma desconexão (quase intencional) entre corpo e mente, com a falsa esperança de resolver mais rapidamente o que se passa connosco.
Na realidade, quanto mais ampliamos o fosso entre corpo, cérebro e psique mais sentiremos os resultados desse desajuste.
Joe Dispenza explica bem a relação neuroquímica entre psique- cérebro -corpo, no seu fantástico livro “Como criar um novo eu”.
“Na sequência dos nossos pensamentos, o cérebro produz substâncias químicas que nos fazem sentir exatamente como estamos a pensar. Quando sentimos como estamos a pensar, começamos a pensar como estamos a sentir. Este ciclo contínuo cria um ciclo de realimentação chamado “estado de ser”.”
Os pensamentos (psique) quando surgem, desencadeiam uma reação bioquímica no cérebro, e é produzida uma substância química que é enviada ao corpo, que lhe permite ativar as sensações corporais adequadas e ajustadas ao tipo de pensamento que o originou.
Estas substâncias químicas, intermediárias neste processo, são os neurotransmissores, que atuam entre cérebro e mente, os neuros peptídeos, que transmitem informação entre cérebro e corpo e as hormonas que, de acordo com o tipo de estímulo inicial, ativam o corpo a as suas reações adaptativas.
Na prática reagimos da seguinte maneira:
– Imagina que estás no teu sofá, preparado para ver um filme tranquilamente e toca o telefone. Atendes e no instante em que colocas o auscultador no ouvido, percebes que é o teu filho a chorar. Sem saberes como, o teu sistema nervoso, ativa os neurotransmissores específicos (Noradrenalina), que libera substâncias químicas para o corpo e em milésimos de segundo começas a sentir uma cascata de sensações no teu corpo. O seu objetivo é preparar-te para reagir perante a situação de stress a que foste sujeito.
Enquanto escutas o choro do teu filho, o teu eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal é ativado, e é aí que sentes uma série de reações fisiológicas, colocando-te em estado de alerta:
– dilatam-se as pupilas,
– Os batimentos cardíacos aceleram,
– os brônquios expandem, a frequência respiratória dispara,
– há vasoconstrição periférica para aportar sangue aos músculos,
– ativa-se a libertação de glicose pelo fígado, pois precisas de energia imediata
– perdes apetite, pela diminuição da atividade digestiva
Tens o teu Sistema Nervoso Simpático no seu melhor!
À medida que te manténs nesta vivência, sentes as pernas a tremer, um nó no estômago, uma bola na garganta, pressão no peito, tonturas, mãos e pés frios, enfim, tens sensações corporais que ficam gravados no teu inconsciente, devido à intensidade do choque vivido.
Esse instante inicial, é chamado Conflito biológico, pelo Dr. Hamer, um médico alemão que estudou as causas biológicas das doenças.
Seguindo com a tua história, o teu filho finalmente conseguiu dizer-te que afinal tinha perdido um casaco na escola!
À medida que o cérebro integra esse facto, inicias um processo de reparação, ativando outros neurotransmissores que te farão retornar ao equilíbrio bioquímico e à tua homeostasia.
É o teu Sistema Nervoso Parassimpático a permitir desacelerar as atividades fisiológicas respiratória e cardíaca, o teu pensamento e restabelecer a energia corporal. Poderás sentir um cansaço compensatório, dores de cabeça e até mesmo alguma fome.
Estes são os verdadeiros sintomas, aqueles que resultaram de um processo de adaptação perante um stress.
Se é assim tao evidente que o sintoma se manifesta no corpo, porque razão temos a tendência para o “anular”?
A sincronia existente entre corpo e mente, sublinha a importância que damos às Sensações Corporais no momento em que realizamos a terapia.
Na realidade é a verdadeira chave mestra!
A salientar:
- Uma situação de stress, dramática, intensa, inesperada, que não se tenha podido expressar, nem conseguido sacar do seu interior, que é vivida de uma determinada tonalidade, pelo nosso cérebro, o nosso SN, a nossa psique, e o nosso corpo, é designado por conflito biológico ou bioshock.
- É um instante, um momento preciso, que fica gravado no corpo, originado por um pensamento e por sensações corporais concretas.
- A tonalidade emocional com que se vive o bioshock vai determinar a intensidade do SENTIR PROFUNDO
- Um stress vivido se originar sintomas é considerado um conflito biológico, caso contrário trata-se de um conflito psicológico.
- Todos são mecanismos de adaptação que surgem (maioritariamente) após a solução do conflito inicial.
- O Sentido Biológico de um sintoma responde à função do órgão ou tecido correspondente, ou seja, obedece a uma lógica biológica especifica.
Dr Hamer designou os sintomas como PROGRAMAS BIOLÓGICOS DE SOBREVIVÊNCIA (PBS)
Um sintoma pode ser físico, psicológico, comportamental ou existencial, ou seja, pode manifestar-se não apenas através da saúde ou da doença, mas também através da nossa morfologia corporal, da nossa profissão, dos nossos hobbies, dos nossos relacionamentos, do que colecionamos, e muito mais.
O sintoma é a manifestação de que algo ocorreu em nós. Uma dor de ombro, uma cefaleia, acne, tonturas, eczema, osteoporose, o cancro, a timidez excessiva, fadiga cronica, carência económica, as intolerâncias alimentares, asma, bronquite, obstipação, diarreia, a dúvida existencial, são alguns dos inúmeros sintomas
Nem sempre concordamos com a nossa biologia, ou pelo menos com a solução que nos apresenta. Temos como exemplo o Sobrepeso.
Um dos muitos conflitos biológicos por trás do sobrepeso é a sensação de agressão.
Perante uma situação, real, virtual, simbólica ou imaginária (leis do inconsciente), de agressão ou de ataque, o cérebro processa a solução mais ganhadora: a de gerar uma proteção mecânica, que permita criar uma barreira de proteção.
Por exemplo: se viveste num ambiente familiar de discussão, agressividade verbal ou física, em que temias constantemente pela tua integridade, o teu cérebro ativou o teu programa biológico de sobrevivência, colocando-te gordura à volta do corpo, de forma a proteger-te das ameaças que percecionaste, no teu meio.
Assim, a gordura é a solução biológica para um problema que tu não conseguiste resolver sozinho.
Ainda que não aprecies esta solução, é a mais EFICAZ que o teu inconsciente pôde ordenar! É o que denominamos por Sobrepeso Bio- Emocional.
Neste exemplo, provavelmente trarás um sobrepeso desde criança, que te cobre todo o corpo, e que te leva a dietas sem fim, sem nunca conseguires obter os resultados que pretendias.
Porquê?
Porque primeiro deves desprogramar o conflito biológico de agressão, para que o corpo libere pouco a pouco a sua proteção e comeces a baixar de peso. O sobrepeso deixa, então, de ser a solução biológica que necessitas, perdendo o seu sentido biológico.
(se este tema te interessa lê o artigo Sobrepeso Bio-Emocional)
Acabei de te dar um exemplo concreto de como um SINTOMA é a expressão da forma como vives os eventos, situações, acontecimentos. A sua manifestação depende da tua PERCEPÇÃO acerca da realidade.
“Tu não vês as coisas como elas são, mas sim como tu és” Enric Corbera
O nosso sistema inconsciente zela sempre pela nossa segurança! E esta passa pela nossa sobrevivência enquanto individuo e enquanto espécie.
Qualquer que seja a nossa realidade, agradável ou não, é com certeza aquela que para o nosso inconsciente, a que garante a nossa sobrevivência.
E se estou doente, se não arranjo companheiro/a, se não consigo ter filhos, se não consigo ter êxito, se sou sempre despedido? O que me quererá dizer estas circunstâncias?
Significa que em algum momento da tua vida, houve uma programação nesse sentido, que te permitiu estar “protegido” mas que também te proporciona a oportunidade de a solucionar.
Os PBS podem ser instalados durante a nossa biografia, durante o Projeto Sentido (entre os 9 meses antes do nosso nascimento até 3 anos, inclui a nossa concepção, a gestação, nascimento), e mesmo do Transgeracional.
Dito assim parece complicado, mas se te explicar que, por exemplo, se para o teu inconsciente for “colocar-te em perigo” teres um companheiro/a, viverás uma vida com relacionamentos instáveis, gostarás de preservar a tua independência e liberdade.
Porquê?
Podes encontrar a resposta, por exemplo, na tua árvore genealógica. Por forma a não repetires o padrão de algum ancestral, que sofreu por morte precoce do seu cônjuge, ou abandono, ou traição, te oferece como solução ganhadora uma vida sem relacionamentos estáveis.
Para sempre?
O teu inconsciente estará sempre a zelar por ti, evitando expor-te a situações de ameaça à tua segurança e te fazer sofrer, até ao momento em que desejes rever o programa inicial que gerou esse mesmo perigo, reprogramar-te e eleger viver a tua vida da forma que o desejes.
Esta é a verdadeira liberdade: eleger!!
Poderás encontra-lo ao longo da Linha da tua Vida, ou da vida dos teus ancestrais.
Para cada etapa existem estratégias terapêuticas especificas (Descodificação biologica) para chegar à origem do conflito, esvaziar a tensão gerada por este e eliminar o sintoma.
Cada pessoa é única, tem a sua própria maneira de viver as situações, daí as estratégias terapêuticas serem também personalizadas.