Como seria se nos tornássemos mais sensoriais e menos mentais?
Comos seria se encarássemos as emoções como a chave-mestra na prevenção da doença e promoção da saúde?
Na verdade, as emoções funcionam como um alarme, que soam sempre que há um problema a resolver.
O nosso corpo emocional funciona como um verdadeiro detetor de fumo.
Alerta-nos para algo que está a precisar de atenção e cuidado.
Se o alarme do detetor de incêndio da tua sala dispara, o que fazes?
1- Vais desligar os circuitos porque é demasiado incómodo o barulho, sem quereres perceber o que se passa;
2- Pedes a alguém que vá acudir ao pedido do dispositivo, por ti;
3- Ou vais parar o que estavas a fazer, averiguar e agir em conformidade?
No plano emocional passa-se o mesmo.
Sentes ira, tristeza, angústia, ansiedade, o que fazes?
1- Tomas algo para te “desligar” da sensação desagradável que esse estado te provoca;
2- Procuras nos outros (e em tudo que está fora) o consolo, a segurança e proteção, que te fazem sentir melhor momentaneamente?
3- Ou vais parar, escutar o teu corpo para perceber o que realmente sentes, e agir em conformidade, para resolver o teu problema?
Agora, percebes o paralelismo, com certeza!
As emoções são oportunidades para te conectares com a raiz do problema. E não o problema per si.
Temos 3 formas de experiências emocionais: as que vulgarmente etiquetamos como negativas, as neutras e as positivas.
As negativas ativam o medo, a tristeza a angústia, a ansiedade, a raiva.
As neutras não têm carga emocional.
As positivas ativam a alegria, o amor, o prazer.
Só os eventos com cargas emocionais ficam registados, ou seja, as negativas e as positivas.
Ambas têm um sentido biológico: afastar ou aproximar de experiências já conhecidas, gravadas previamente pelo nosso sistema nervoso.
Assim, as emoções consideradas negativas recordam-se para evitar que entremos em contacto com situações de stress, impedindo que se repita uma experiência do passado.
As positivas recordam-se porque constituem os recursos internos, que se registam e integram, e que podemos aceder para nos fazer avançar na vida.
As recordações sem carga emocional não ocupam a memória no nosso disco interno!
Tudo isto é possível graças ao nosso maravilhoso sistema nervoso autónomo, dotado de um detetor quase automático chamado Amígdala Cerebral. Permite-nos avaliar, em menos de 300 milissegundos, se estamos perante uma situação de perigo. Este é o tempo necessário para ativar as estratégias de sobrevivência.
A amígdala deteta e reconhece a vivência emocional, desperta uma determinada emoção, que nos avisa se já vivemos algo com aquela tonalidade, no passado.
Sem dúvida que as Emoções desempenham um papel muito importante na nossa vida atual, assim como foram preponderantes para a nossa evolução filogenética.
O sistema límbico possui outro importante elemento: o Hipocampo.
É o nosso banco de memórias mais eficaz. Trabalha conjuntamente com a amígdala na ativação dos Programas Biológicos de Sobrevivência.
Ou seja, um analisa e o outro conecta com a memória da experiência emocional passada.
Para a Descodificação Biológica, é extremamente importante a aprendizagem emocional que a pessoa adquire ao longo da sua história.
Graças às estruturas arcaicas do nosso sistema nervoso, armazenamos aprendizagens, desde momentos muito precoces do nosso desenvolvimento.
Desde a nossa conceção, gestação, nascimento, infância, colecionamos experiências emocionais que ficam registadas no nosso sistema nervoso central.
Um parto por fórceps, a necessidade de incubadora, a separação dos pais, a perda de um familiar, o ambiente inseguro onde se cresce, o abandono no primeiro dia de escola, são alguns exemplos de vivências que carimbam a nossa memória de experiências emocionais negativas.
Não falo de memórias mentais, mas sim memórias celulares!
As emoções conectam-se com estas memórias e ativam uma série de sensações corporais específicas.
Aceder ao evento primário, através destas memórias celulares, permite em contexto de consulta, esvaziar as sensações corporais gravadas, e que não se puderam dissipar, no momento do conflito.
O que realmente importa na prática é o “como” e “para quê” das emoções:
1- As emoções manifestam-se por sensações corporais;
2- As sensações corporais dependem do sentido que damos às experiências que vivemos;
3- A chave-mestra é saber decifrar o sintoma, o verdadeiro PARA QUÊ;
4- O significado biológico é sempre lógico;
5- O sintoma que persiste, corresponde a um problema vivido, com uma necessidade biológica não satisfeita, muito específica, e que ficou bloqueado há espera de solução;
6- Desativando esse bloqueio, o sintoma não tem mais motivo/necessidade de se manifestar;
7- Mantendo o bloqueio, o sintoma pode manifestar-se através de uma doença física, comportamental ou existencial;
8- As emoções são pistas para encontrarmos o conflito inicial;
Falemos de um exemplo:
A ansiedade conta uma história.
Não só se trata de um medo frontal, de que algo corra mal no futuro, algo que não iremos poder aguentar, um medo visceral de ficar doente, de que o corpo e mente não o consigam suportar.
Aliado a este medo somamos a incapacidade para agir. Nunca podemos
atuar em algo que ainda não ocorreu, certo?
O segredo é habitar o presente, permitindo viver o momento onde podemos agir.
Mas, os sintomas desaparecem assim? De forma instantânea?
Não! Terás que rever na tua história, as situações de medo, as experiências com doenças, onde sentiste a tua segurança ameaçada.
Provavelmente, essas vivências foram programadas numa etapa precoce da tua infância, onde temeste pela saúde da tua mãe sempre que adoecia, do teu irmão que permaneceu internado, de um primo que faleceu precocemente.
Em Descodificação Biológica designamos por Conflitos Programantes, que se desencadeiam e repetem ao longo da nossa biografia.
Na verdade, não interessa a história. Interessa sim, a forma como se vive a história!
Coloca em prática
Revê uma história, localiza-a no tempo e espaço, e percebe que sensações corporais se despoletam dessa viagem ao passado. Não o faças com o “drama da tua vida”, pois para estas situações, vais precisar de acompanhamento para integrar os recursos necessários!
Elege uma situação simples. Foca-te nas sensações corporais e permite que elas se manifestem até que desapareçam. Verás como no fim te sentirás melhor!
Às vezes o medo de tocar nas feridas condenam-nos a uma vida inteira de sofrimento.
A verdade é que não tens que reviver na mente as experiências dolorosas, mas sim ressentir no corpo as sensações que elas provocam. Esta é a minha proposta!
Verás que a tua vida se tornará muito mais leve!




